Meus contornos já não são tão retilíneos e quando me vejo, me assusto com a pessoa que é retratada, não sou eu! Eu ainda me sinto com dezoito anos, embora exausta, sonolenta e insone, se possível, e com os fios que insistem em branquear. A barriga, há muito se desfigurou, assim pensava, hoje, não. A barriga é a barriga de um ser humano que já teve filhos, linda. Se é uma bola, como dizem algumas crianças sinceras, ou caída, isso quer dizer que ainda vivo e ela está lá. Em breve, muitos mais fios brancos aparecerão e terei que tomar a escolha de assumi-los ou passar por torturas periódicas (pois é assim que vejo o salão de beleza). Oh, meu Jesus, que mal eu fiz para ficar decadente?
Serei ainda amada e desejada, enquanto que esqueletos esbeltos e serelepes continuam a nascer e a se proliferar sobre a terra? Quantas madeixas volumosas, quantas peles de pêssego ainda virão enquanto murcho e definho. Os olhos já não vêem e a mente, capenga. A postura se desconfigura e a frescura se esvai.
P…
Serei ainda amada e desejada, enquanto que esqueletos esbeltos e serelepes continuam a nascer e a se proliferar sobre a terra? Quantas madeixas volumosas, quantas peles de pêssego ainda virão enquanto murcho e definho. Os olhos já não vêem e a mente, capenga. A postura se desconfigura e a frescura se esvai.
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