Essa postagem é uma gentileza da minha amiga Talita Dias, que escreveu sobre as relações em tempos de Facebook, a meu pedido. Vale a pena ler:
Por Talita Cristina Dias
"Dra., minha esposa me trocou pelo Facebook!"
Essa e outras do mesmo estilo, são frases recorrentes para advogados atuantes
no direito de família, inúmeros são os casos de ruptura de laços familiares
onde o grand mèchant é o Facebook e
outras redes sociais. Não pretendemos esgotar o assunto que é de grande
complexidade, todavia, pretendemos introduzir algumas reflexões sobre Facebook.
A
exposição da intimidade, o abandono familiar, a "venda" de uma
realidade inexistente, tem sido frequentemente lançada nos tribunais como causa
para a ruptura de diversos relacionamentos, sendo comum vermos famílias
arruinadas pela falta de bom senso e uso excessivo das redes sociais, sobretudo
o Facebook.
O
Direito é a mais social das ciências, e por excelência, é impactado pelas
alterações sociais, a ponto de reconhecermos que o Direito, atualmente, deve
"correr atrás" das constantes mudanças sociais. Hoje, muitos
relacionamentos começam e terminam com o auxílio do smartphone, tablets,
laptops e afins.
O
que poderia ser celebrado como um avanço comportamental, na globalização e
socialização de informação, muitas vezes vai justamente em desencontro ao que
pretendia o usuário, e muitas vezes o uso de redes sociais acabam por virar um
pesadelo na vida do internauta.
Não
há que demonizar o Facebook e congêneres como únicos culpados pela ruína de
relacionamentos, todavia, podemos elencar algumas facetas desse fenômeno que
ajudarão o leitor a entender o porquê de tanta reclamação.
Inicialmente
temos que refletir sobre a abrangência do Facebook, onde há uma suposta
democracia entre os usuários, estimulando a pessoa a acreditar que alí existe
um espaço onde a manifestação do pensamento é livre, que terão a oportunidade
de expressar-se de modo que a vida real jamais o permitira.
Alguns
usuários postam uma frase ou uma foto e começa um processo narcisista de espera
para ver quantos likes e coments seu post terá. Isso demonstra uma certa carência afetiva, a busca por
um reconhecimento e sucesso que a pessoa talvez não tenha na sociedade, e essa
carência é afagada com a aprovação ou compartilhamento do conteúdo.
Em
tempos de aguçados debates políticos no Brasil, o Facebook também tem sido
largamente usado por famosos e "anônimos" para divulgar uma posição,
mas o usuário deveria refletir se a opinião dele realmente importará em alguma
coisa, ou se ele está alí, fissurado diante da tela, esperando um debate que
não lhe devolverá nenhum ganho ou satisfação real.
Aliado
a isso tudo, temos que o Facebook pode ser caracterizado como uma vitrine de
uma vida que se pretende mostrar, de inocentes fotos dos filhos indo à escola, às
selfies mais sensuais, o usuário,
inconscientemente expõe sua vida publicamente, deixando de lado todo qualquer
bom senso com relação à segurança dos pequenos ou da privacidade de um lar.
Enganam-se
com a opção de manter as fotos e posts
classificados como conteúdo privado, depois da "descoberta" do famoso
print nada fica oculto nas mídias
sociais.
Problema
algum há no compartilhamento de eventos da vida do usuário, esse estilo de vida
já está aderido ao cotidiano, a problemática começa quando o uso demasiado do
Facebook começa a refletir e impactar o a vida não virtual do usuário.
Quando
falamos de relacionamentos amorosos, as reclamações, ao contrário do que se
pensa, não residem somente no campo da infidelidade. O Facebook ou Whatsapp não
reinventaram as traições entre casais, esse fenômeno é apenas a tal adequação
de eventos de vida à realidade.
Falamos
aqui do bem mais precioso que o ser humano tem, que é o TEMPO, esse sim tem
sido tomado pelas redes sociais de forma silenciosa e avassaladora, gerando
intermináveis conflitos, brigas e rupturas de laços amorosos.
Quando
o sujeito deixa de viver a vida real, deixa de olhar o azul do céu para olhar o
azul do Facebook, vivendo um mundo que não existe o que se está perdendo é
TEMPO e VIDA.
Os
casais que são de certa forma dependentes desse contato virtual constante
acabam por enfraquecer os laços reais, criando realidades paralelas,
desperdiçando vida em atividades inúteis.
Não
é incomum ver pais deixando filhos de lado para ver só um post que levará a outro e outro, e quando se nota, lá se foram
horas, essas horas nunca mais voltarão, e qual é o benefício? Qual foi o ganho
do indivíduo?
Que
triste é ver uma criança tentar mostrar uma atividade feita na escola aos pais
e estes estarem mais preocupados com os likes
das fotos dos pequenos na rede. Assim o usuário se perde na rede, se perde
na vida, e acaba frustrado, com os laços amorosos e familiares enfraquecidos,
muitas vezes chegando ao inevitável que é a ruptura.
Façamos
uma reflexão do quanto de VIDA que se perde nas redes sociais, será que não
deveríamos desligar os aparelhos e olhar ao redor com mais cuidado? Certamente
ao seu lado haverão pessoas que querem um pouco do seu tempo, que querem
compartilhar seu tempo no mundo real, e não querem fazê-lo para mais um post, ainda há espaço para vivenciar
experiências genuínas.
Como
operadora do Direito, deixo uma frase mais que conhecida no meio jurídico que
cabe perfeitamente no que tentamos demonstrar: Tempus Fugit, isso mesmo, o tempo foge, fazer racional uso do tempo
é questão de bom senso!
Talita
Cristina Dias
Advogada
e Cientista Social graduada na Pontifícia Universidade Católica de Campinas -
PUCC, pós graduada em Direito Empresarial, Direito do Trabalho, Direito
Previdenciário e especializações.
contato:
talitacdias@hotmail.com
Pior é quando alguém entra na sua conta...afff...O marido não acredita que vc não conhece a tal pessoa...Terra de ninguém... Afffff
ResponderExcluiras consequências das redes sociais está tão previsíveis e mesmo assim tem quem se surpreende
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