Castelo Neuschwanstein - Alemanha |
Qual o seu nome e onde
mora?
Eu me chamo Samuel Carlos e moro em Mariana
Para qual país e qual
universidade você foi? Quando foi?
Fui para a Holanda. Estudei na Windesheim University
of Applied Sciences, entre Agosto/2015 e Julho/2016.
Como foi o processo de
seleção? Teve alguma dificuldade?
O processo seletivo deste edital foi um tanto diferente
do normal para o CsF, já que ele é uma parceria entre a UFOP e Windesheim para
alunos da computação. A primeira etapa é a realização de uma prova de
proeficiencia em inglês; a segunda etapa é uma avaliação de currículo lattes de cada aluno,
onde cada coisa tem um peso diferente (estágio e experiência professional com laboratórios
da UFOP têm peso maior que um coeficiente acadêmico muito alto). Sendo assim,
não tive dificuldades em ser aprovado, dado que já possuía tanto um estagio
quanto experiência em alguns laboratórios.
Qual foi o objetivo
maior desse intercâmbio?
O objetivo maior era a aproximação da UFOP com a
Holanda e a “troca de especialidades” para finalizar projetos já existentes em
ambas as universidades. Os laboratórios da UFOP são muito bons em desenvolver
um produto e a Windesheim é muito boa em transformá-los em um produto de fato,
pronto para a venda.
Como foi a chegada ao
país novo? Essa foi sua primeira
experiência
internacional?
A chegada a Holanda foi bem mais
tranquila que o esperado. A cidade onde moraria se chama Zwolle e fica a cerca
de 120 km de Amsterdam, que foi onde meu voo chegou. Logo no aeroporto tomei um
trem para Zwolle com bastante facilidade (o inglês é praticamente o segundo
idioma do país, então nunca tive problemas com informações devido a língua) e
cheguei a cidade em 1 hora e meia. Como cheguei razoavelmente cedo, por volta
das 3 horas da tarde, apenas deixei minha mala no apartamento, saí para
explorar a cidade e encontrar supermercados, lanchonetes, etc. Sim,
essa foi minha primeira
experiência internacional.
Onde ficou?
Fiquei em um prédio reservado somente a estudantes nacionais
e internacionais.
Qual era a ligação das
atividades em que foi inserido com o curso que estava fazendo na UFOP?
Bom… era basicamente a execução prática de toda a teoria que estudamos na UFOP com foco no empreendedorismo.
Bom… era basicamente a execução prática de toda a teoria que estudamos na UFOP com foco no empreendedorismo.
Como foi o
relacionamento com as pessoas e a cultura do local?
O relacionamento foi muito bom. Os holandeses são
extremamente educados e organizados, sempre te tratam de uma forma bem cortês e
havia também um grupo de bolsistas da universidade, chamado SUN (Students
United in Netherlands), designado para dar suporte e desenvolver atividades de
integração a todos os alunos internacionais. A cultura deles é muito diferente
da nossa em quase todos os aspectos. Creio que o que me causou maior espanto é
o fato de não almoçarem nada além de sanduiches e pães com tudo que se consegue
imaginar dentro, e de serem muito diretos e sinceros. Se existe algo que um
amigo ou parente teria receio em te dizer sobre você, um holandês irá te dizer
sem pensar duas vezes. Eles também são muito organizados e honestos, algo bem
difícil de se encontrar em outros lugares do mundo. Acima de tudo, a melhor
parte da cultura holandesa é o uso de bicicletas para qualquer coisa, sejam
compras, passeio, levar as crianças e animais pra passear, ir trabalhar, etc.
Devido a isso, não se vê muitos carros e poluição no país, mesmo nas grandes
cidades.
Como foi a comunicação?
A comunicação foi bem tranquila. Como dito
anteriormente, todos falam inglês fluente na Holanda, desde o mendigo local até
os doutores da universidade. A principio tinha um pouco de receio ao conversar
em inglês por não ser tão bom assim, mas após as primeiras semanas tudo ficou mais
fácil.
Kinderdijk - Holanda
|
Quais lugares pode
conhecer?
Na Holanda tive a oportunidade de
conhecer varias cidades, como Amsterdam, Rotterdam, Utrecht, Gronigan, Arnhem,
Giethorn, Hengelo… Fora isso, pude visitar a Alemanha, Bélgica,
França, Itália e Inglaterra.
Quais as maiores
dificuldades que você enfrentou nessa jornada?
As maiores dificuldades que tive
aconteceram ainda no Brasil, na parte burocrática do processo. A liberação das
bolsas atrasou muito, os pagamentos também demoraram, tive pouco tempo para
providenciar milhões de documentos e encontrar uma passagem dentro do valor que
o governo nos dá para isso, etc. Na Holanda, as unicast dificuldades foram me
acostumar a passar 1/3 do ano sob chuva e o frio rigoroso no inverno.
O que foi mais valioso
nessa experiência para a sua vida pessoal e profissional?
Creio que tudo me foi muito valioso. Pessoalmente,
penso que me tornei uma pessoa bem mais independente, por conseguir me virar
sozinho durante 1 ano em um país totalmente diferente do meu, e mente aberta,
pela convivência diária com pessoas de todos os continentes. Profissionalmente
também cresci bastante, tive a oportunidade de realizar uma das disciplinas em
uma empresa onde fui incluso nas práticas das grandes empresas de tecnologia do
mundo e pude lançar dois aplicativos móveis “comerciáveis”.
Quando voltou, e por
quê?
Voltei na ultima semana de Julho… e, sendo sincero,
somente voltei porque era obrigado a tal pelo contrato do CsF.
Se não existisse o
programa, qual seria a sua expectativa de viver uma experiência como esta?
Creio que jamais viveria uma experiência exatamente como
essa se não fosse pelo CsF. Talvez me mudaria a trabalho para o exterior após
me formar, porém nunca iria como estudante , não teria dinheiro para tal.
Qual a sua opinião
sobre o programa e sobre o fim deste?
Acredito que o programa, em sua essência, é muito bom.
A experiência de aprendizagem e desenvolvimento pessoal que ele nos proporciona
é excepcional. O problema do CsF é a falta de um monitoramento mais rigoroso e
um sistema de seleção mais efetivo por parte do governo. Confesso que pra mim
seria muito fácil deixar os estudos em segundo plano e usar todo o investimento
para viajar ou outras atividades do tipo. Fico triste com o fim do programa,
creio que ele deveria apenas ser reformulado e, no retorno, o governo deveria
providenciar as mesmas condições de estudo e pesquisa que os bolsistas têm no
exterior, para incentiva-los a permanecer aqui e melhorar o país.
O que você pensa sobre
o cenário político atual?
Pra falar a verdade, eu não entendo muito de política.
O que penso do cenário atual é que independente do resultado da briga entre
Dilma x Temer, nada vai melhorar até que saiam ambos da presidência. ***
Por dentro do Ciência
sem Fronteiras
O que é?
Programa de intercâmbio com universidades estrangeiras,
promovido pelo governo federal, que concede bolsas de estudo a alunos de
graduação e pós-graduação matriculados em universidades públicas e privadas.
Quem pode concorrer a
uma bolsa de graduação?
Brasileiros ou nacionalizados que estejam regularmente
matriculados em cursos relacionados às áreas prioritárias do Ciência sem
Fronteiras, tenham concluído de 20% a 90% do currículo, tenham bom desempenho
acadêmico e tenham atingido nota de no mínimo 600 pontos no Exame Nacional do
Ensino Médio. Alunos que receberam prêmios em olimpíadas científicas ou
bolsistas de iniciação científica ou tecnológica do CNPq ou da Capes terão
preferência.
Áreas prioritárias
Engenharias e demais áreas tecnológicas; Ciências Exatas e da
Terra; Energias Renováveis; Tecnologia Mineral; Formação de Tecnólogos;
Biotecnologia; Petróleo, Gás e Carvão Mineral; Nanotecnologia e Novos
Materiais; Produção Agrícola Sustentável; Tecnologias de Prevenção e Mitigação
de Desastres Naturais; Fármacos; Biodiversidade e Bioprospecção; Tecnologia
Aeroespacial; Ciências do Mar; Computação e Tecnologias da Informação;
Indústria Criativa (voltada a produtos e processos para desenvolvimento
tecnológico e inovação); Novas Tecnologias de Engenharia Construtiva; Biologia,
Ciências Biomédicas e da Saúde.
Benefícios
Mensalidade de bolsa; auxílio instalação; passagens aéreas;
auxílio material didático, seguro saúde e adicional para cidades de alto custo.
Quanto dura
12 meses, podendo chegar a 15 se incluir curso de idioma
Onde estudar
As universidades estão entre as escolhidas por rankings
internacionais, como o Times High Education e o QS World University Rankings.
Fonte: Carta Capital
O programa divide opiniões, dúvidas foram levantadas sobre a
sua finalidade e efetividade, como demonstra muito bem este editorial do
estadão, que deixou claro a tendência mercadológica do jornal ao dizer quais
deveriam ser as prioridades do conhecimento a serem contempladas:
"Em vez de
selecionar alunos de áreas técnicas em que o Brasil carece de especialistas,
especialmente no campo das ciências exatas e biomédicas, o programa financiou
indiscriminadamente estudantes de quase todas as áreas do conhecimento –
inclusive publicidade e comunicações."
O fato é que muitos,
que talvez nunca pudessem vivenciar uma experiência como esta, foram
beneficiados e aproveitaram ao máximo; o desejo é que o cenário atual mude e
que programas que visem o aperfeiçoamento pessoal e profissional de brasileiros
que necessitem de tais iniciativas sejam melhor planejados para que a maioria
tenha ganhos reais para si mesma e para o país em que vivemos.
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