Mais duas meninas se matam por terem suas intimidades expostas por algum vagabundo, idiota, cachorro, sem vergonha, filho de uma égua em quem elas haviam confiado. Desculpem-me pelas palavras feias, mas me espanta como as mulheres ainda sofrem tais tipos de violência e acabam sendo acusadas de promiscuidade, de serem prostitutas, "mulheres fáceis", apesar de, na verdade, terem sido vítimas de alguém em quem confiaram.
No último dia 10, a adolescente Júlia Rebeca, 17 anos, se matou enforcada com um fio de chapinha após ter tido o seu vídeo intimo espalhado e vendido pela internet; no dia 19, outra adolescente de 16 anos também se enforcou após sua foto ser divulgada nas redes.
Essa questão é muito profunda. Quem tem o direito de expor a intimidade de alguém com quem tenha compartilhado momentos íntimos e que tenha confiado e ele sua intimidade? Isso demonstra como a mulher ainda é vista em nossa sociedade, ela é mantida como um simples objeto de deleite, um brinquedinho que depois de ter sido usado serviria como troféu e prova de masculinidade. A mulher que tenha confiado seria uma prostituta que não mereceria respeito por ter confiado em quem não devia. É isso o que a mulher ainda é. O pior é que, ao invés de criarem leis que punam cruelmente esses monstros egoístas, mesquinhos e traidores, a sociedade e principalmente "a mulher" continua dizendo que a culpa foi delas, que elas não deveriam ter se exposto, como se cada uma dessas mulheres que apontam o dedo nunca tivesse transado com um vagabundo e feito o que aquelas meninas fizeram na intimidade, como se nunca tivessem feito um vídeo ou tivessem mantido um desejo secreto de fazê-lo, agem como se os homens estivessem com a razão de roubar o direito de dignidade e manchar para sempre a honra da mulher que decidiu compartilhar com ele.
É terrível que duas jovens perderam a vida por terem confiado em quem não deveriam, e foram julgadas por que fizeram o que tinham vontade de fazer com seus corpos, como todas fazem; o erro foi ter acreditado que as pessoas podem ser confiáveis e que elas já tem o mesmo direito que os homens, o direito de ser livre sem que isso significa perda de valor.
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