Furar fila no bandeco: um sintoma



Foi-se o tempo em que dizer "estudantes universitários" sugeria pensamento crítico, contestação da ordem estabelecida e luta pela igualdade... Correm para longe os ideais, o pensamento libertário, as convicções humanitárias. Para onde se mudaram o senso de justiça e de igualdade? Escafederam-se. Ou será que fiquei muito velha e saudosista? Não! Eu me recuso a aceitar que juventude justifica a inconsequência e falta de engajamento político e social. A juventude não é algo que vive por si só, em um mundo a parte do resto do universo, embora muitos pensem e realmente vivam desta maneira, dentro de suas republicas universitárias e das festas regadas a todo o tipo de substâncias que os ajudam a esquecer que existe vida lá fora.

A juventude de hoje pensa no futuro, mas pensa individualmente. Compartilhar, só com os amigos de farra ou nas páginas do Facebook. Que se dane a comunidade onde estamos inseridos, que se danem os mais velhos, os fracos, os que não nos pertencem, somos jovens e temos direitos! Essa é a juventude do século XXI, com todos os direitos (individuais) e nenhum dever.

Não podemos generalizar, ainda existem pessoas preocupadas com o rumo da humanidade ou apenas com o rumo de sua comunidade, ainda há jovens que respeitam as pessoas! Sim, ainda há essas raridades. Mas o amontoado dos outros, os que não respeitam as fragilidades, as necessidades e os direitos, está infestando o nosso planeta.

São pequenos atos que mostram o que são e como pensam as pessoas de uma determinada localidade. Os de Ouro Preto e Mariana deixam claro a falta de respeito quando furam filas desavergonhadamente. No ICHS, Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, os alunos colocam mochilas para marcarem o seu lugar na fila do restaurante. Os mais folgados, simplesmente jogam as suas mochilas na frente das outras, sem nenhuma cerimônia. No Campus, a fila é quilométrica, logo os estudantes procuram amigos e furam a fila, no maior descaramento! Isso não é um ou são dois, mas a maioria! Talvez eles não tenham outra coisa a fazer além de estarem ali, mas muitos  têm uma vida além da universidade; e mesmo que não tivessem, chegaram primeiro! 

São essas simples coisas que demonstram o pensamento coletivo de desrespeito e de querer levar vantagem sempre, desrespeitando as regras. São pequenas coisas que vão se desenrolando, se transformando e perpetuando a cultura de "jeitinho brasileiro", que muitos se orgulham por fazer parte.

Eu sinto vergonha por ter que constatar esse tipo de comportamento dentro de um ambiente universitário... Mas é assim que é.

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