Quando voltei da Índia já tinha em mente a minha nova viagem, desta vez com os meus filhos, pois como eles nunca tinham visto o mar, estava parcialmente decidido o nosso destino. Passei mais alguns meses juntando, economizando, guardando PIS, décimo terceiro e tudo o que sobrava para tornar o sonho realidade, até que o fim de ano chegou e resolvi que era hora. Alguns amigos me perguntaram como é que eu consigo viajar com esse salário ridículo, eu respondo que simplesmente não esbanjo dinheiro, não acumulo coisas, não desperdiço, quero juntar experiências.
Eu e o mar
Como eu teria uma semana de folga no natal, fui até uma agência saber sobre os valores dos pacotes. Ir de avião era muito mais confortável e rápido, mas não caberia no meu orçamento, tivemos que ir de ônibus mesmo, dividindo as parcelas em 6 vezes. Porto seguro seria o nosso destino. A agência de turismo responsável era a Bravitur e no pacote estavam incluídos as passagens, as diárias, 5 refeições e o café da manhã. Ótimo, mas é melhor ir preparado, por que nada é barato na cidade turística.
Dia 21 partimos de Ouro Preto às três para pegar o ônibus às 7:00 da noite. Foi uma longa viagem até o hotel, chegamos aproximadamente ao meio dia do dia 22. Como bons farofeiros que somos, levamos salgadinhos, frutas e refrigerantes, pois os preços na estrada são um absurdo!
O hotel em que ficamos foi o Shangrilá, confortável, tinha frigobar sem taxas, televisão e cofre (cobram R$ 1,00 por dia pelo uso) e um café da manhã maravilhoso. Ao chegarmos, deixamos nossas coisas no hotel e nos preparamos para ir até a praia Axé Moi. Para quem gosta de diversão, lá é um ótimo lugar, tem música, fazem brincadeiras e o povo fica dançando com as instruções dos dançarinos/professores. O único problema é que em nenhuma das praias existe alguma refeição abaixo de R$ 60,00, isso quando há alguma nesse valor. Sucos à partir de R$ 5,00 e por aí vai. Se você gosta de passar a tarde inteira bebendo cerveja, prepare-se para gastar horrores.
Brincadeiras em Axé Moi
O meu filho adorou e não me deu sossego, tanto que perdeu os chinelos em algum lugar e veio choramingando pelo caminho, fritando os pés, até que encontrei algum lugar onde vendesse chinelos.
Voltamos à tarde para o hotel, tomamos banho e fomos para a tal Passarela do Álcool, que nada mais é que uma longa rua onde as pessoas montam suas barraquinhas perto das calçadas e vendem algumas lembranças, produtos locais e a maioria made in China. No final dela fica um rapaz que faz tatuagens coloridas com spray e dá um show dançando enquanto pinta as pessoas, muito legal.
No segundo dia fomos à Praia da Coroa Vermelha, pelo ônibus da agência também. O mar é super calmo, parecia uma lagoa, ótima para crianças e mineiros como eu. Na viagem, um guia local nos acompanhou e fez a propaganda dos passeios opcionais, ou seja que são pagos. Eu sou muito cismada com guias, eu os imagino como pessoas dispostas a fazerem tudo e qualquer coisa para tirarem o dinheiro dos turistas, e na maioria das vezes, isso é verdadeiro. Ele nos apresentou os passeios e nos disse para decidirmos logo, pois em algumas praias havia um numero de visitantes permitido, e que em Trancoso esse número seria de 6000 por dia, mais ou menos isso. Eu, meus filhos, minha irmã e cunhado compramos um passeio até Trancoso, por R$ 35,00 cada pessoa. Ele foi até o hotel e pegou o dinheiro no mesmo dia. Uma dica: Não compre passeios sem pesquisar antes! Andando pela Passarela do Álcool vimos inúmeras agências vendendo os mesmos passeios por R$ 25,00 cada. Foi numa dessas que compramos o passeio para a Praia dos Espelhos, por R$ 40,00. Na volta o pessoal foi ver a parte histórica, eu queria ir, mas estava muito cansada.
No dia 24 fomos ao Arraial d'Ajuda por conta própria. É só pegar a balsa por R$ 3,00 e depois a van, acho que R$ 2,50. A praia também é muito linda e aproveitamos bastante a paisagem. À noite ficamos andando pelas ruas, não tinha muito o que fazer...
Encontramos um Trenzinho da Alegria, que me fez lembrar da minha
infância, só que os caminhos e a família responsável fez parecer um trem dos horrores. Não tinha ninguém fantasiado, apenas rostos estranhos. Acho que o ingresso foi R$
5,00, mas o que fazer na noite de natal? passeamos uns 15 minutos no
trenzinho e depois fomos para o hotel.
No dia do natal nos preparamos para a tal viagem para Trancoso. A van chegou ao hotel para nos chamar, só que faltavam 2 lugares. Essa situação já nos deixou bastante irritados e o guia a quem pagamos não estava lá. Depois de uns telefonemas, conseguiram um lugar no ônibus e meu cunhado teve que viajar com o meu filho de 9 anos no colo, enquanto nós fomos na van. Sem falar que no ônibus, os guias falavam sobre os lugares e faziam brincadeiras, na van, fomos apenas transportados. No caminho, pararam em um local para que pudéssemos consumir e depois seguimos. A praia também é muito linda, como todas, e a comida é muito cara, como sempre. À noite fomos até o hotel onde ficava a agencia do guia que nos vendeu as viagens para pegar os R$ 35,00 do menino que foi sentado no colo. Um guia da agência nos viu e pediu que aguardássemos do lado de fora pois iria chamar o outro guia que nos havia vendido. Ele chegou e ficou um longo tempo lá dentro, talvez inventando uma história para o ocorrido ou juntando dinheiro para nos devolver; voltou com uma história enrolada mas nos devolveu R$ 33,00.
A casa, o menino e o cão
No último dia fomos à Praia do Espelho. O motorista da van, também guia, nos falou sobre algumas historias e nos levou para ver as tartarugas no mar. Antes de chegar, ele nos indicou uma barraca, pra variar, e nos disse que nas outras barracas a consumação mínima por pessoa era de 100 reais; eu não acreditei nisso, mas ficamos naquela barraca mesmo, pois nem vi onde havia outra. Tudo caro. Bem, ao menos, a natureza compensou tudo! A praia era maravilhosa, a água tão límpida e transparente! Em um certo local consegui ver os peixes nas águas. É incrível que na região em que os portugueses chegaram pela primeira vez, há mais de 500 anos, ainda esteja tudo quase intacto, não sabia que era assim.
Bem, fomos também a um Shopping, brincamos nos brinquedos, tiramos fotos com Papai Noel. A comida do restaurante Mirage era muito boa, só tenho a elogiar.
O único inconveniente foram algumas baratas no primeiro dia, no hotel (que me fizeram dormir sempre com as luzes acesas) e o ar condicionado estragado do ônibus, que fez com que a temperatura na volta chegasse até 36°. Mas são coisas que acontecem, o Gilberto, guia da Bravitur, estava lá para nos ajudar.
Concluindo, é uma excelente viagem para quem quer ir até as origens do nosso descobrimento, para quem quer se sentir no paraíso, ficar perto da natureza e lavar um pouco a alma. Adorei.
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