Considerações sobre o aprendizado de línguas

Aprender uma língua estrangeira é algo extremamente complicado, principalmente depois que passamos da infância.  Enquanto ainda estamos frescos, além de o cérebro e o corpo estarem mais abertos para receberem novos conhecimentos, ainda estão sendo formados os conceitos e as ligações que fazemos no processo de aquisição da linguagem, por isso se torna mais fácil aprender novas línguas. Isso não quer dizer que seja impossível aprender uma nova língua depois que saímos da puberdade; há pessoas que nascem com maior facilidade para aprender novas línguas, mas, mesmo para os "cabeça duras", esta não é uma tarefa impossível.



Quando aprendemos uma língua nova, temos que aprender, ao mesmo tempo, quatro coisas:

_ Vocabulário novo;
_ Gramática nova;
_ Pronúncia nova;
_  Dependendo da língua, caracteres novos.


O vocabulário, obviamente, vai ser totalmente desconhecido, a não ser por algumas palavras ou sentenças que podem estra disseminadas em nossa própria língua. Como não conhecemos nem mesmo todo o vocabulário de nossa língua materna, a dificuldade de se acumular um arsenal palavrórico que nos permita comunicar leva tempo e dedicação.


Uma das maiores dificuldades é o conhecimento da gramática. Em algumas línguas existem diferentes flexões e declinações, assim como a ordem estrutural é modificada, coisas que só podem ser apreendidas também através do tempo e da dedicação.


Além de sons que talvez nunca tenhamos ouvido e que dificilmente saberemos pronunciar como os falantes nativos, ainda temos que aprender qual som cada letra de nosso alfabeto vai assumir em cada língua. Como adivinhar, por exemplo, que o "J" em espanhol vai assumir o som de nosso "R" aspirado do início das palavras, e que o "H" vai ter o mesmo som em inglês e hindi? Como saber que o "R" sempre será pronunciado como o tepe de baRata em hindi, mesmo no início da palavra e que em inglés nem existe esse som? E por que diacho em francês Je parle (párle), Tu parles (párle), Il/Elle parle (párle), Vous parlez (parlê), Ils/Elles parlent (párle)  se escreve diferente mas a pronúncia é praticamente a mesma? 

Bem, imagine então que você vai aprender japonês, chinês, ou alguma outra língua que não seja alfabética e os símbolos são totalmente alienígenas pra você! Haja amor nesta empreitada! Sem falar que a ordem da leitura pode variar tornando tudo muito mais árduo.

São características particulares de cada língua que deveriam ser expostos e explicados desde o início da aprendizagem da língua; alguns métodos excluem da sala de aula o idioma  materno, o aluno tem que deduzir, sentir, osmosear o idioma novo, tornando tudo mais difícil e às vezes cometendo erros. Detalhes que não nos são familiares e facilmente deduzíveis devem ser claramente explicitados, isso economizaria tempo e neurônios.

Não disse tudo isso para desanimar os pretendes à corte das línguas, ao contrário! É um desafio maravilhoso e gratificante. Não, eu não sei falar outras línguas, sou apenas uma apaixonada pelas humanidades. Mas um dia, se Deus quiser, vencerei os desafios e estarei apta a me comunicar de uma maneira que nunca havia imaginado.



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