Historinhas do baú - timidez na escola

Meu irmão e eu

1 - Quando eu tinha oito ou nove anos, estudava em uma escola pública em Ipatinga. Sempre fui tímida, nunca falava durante as aulas e era mais tímida ainda  dependendo da hierarquia. Até o quinto ano eu não tive amigos na escola, sempre fui péssima em me socializar. Lembro-me que a aula havia acabado mais cedo e estávamos eu e mais alguns alunos, aguardando nossos pais do lado de fora da escola. Uma menina espevitada começou a brincar de levantar as saias das meninas, inclusive a minha. Naquela época, todas as escolas tinham o mesmo uniforme, camisa branda e saias azuis marinho. Eu não sei por que diabos as crianças gostam de brincadeiras tão idiotas, mas já que ela estava levantando a saia de todo mundo, eu resolvi levantar a dela também. Neste dia eu percebi como as pessoas gostam de vitimar, mas não toleram ser vitimas de brincadeiras de mal gosto. Quando levantei a saia da menina, ela me fulminou com os olhos, parecia que eu tinha cometido um crime. De repente, ela pegou quinhentas pedras começou a atirá-las em mim como louca. Eu parecia o Neil do Matrix, desviando de todas, foi um milagre nenhuma delas ter me atingido! Depois disso, eu fiquei chorando e esperando que minha mãe chegasse, mas ela demorou um bocado! Tive que me esforçar com as minhas lágrimas sem vontade pra que ela ainda me encontrasse chorando e tomasse alguma providencia.

2 - Eu era tão tímida que podia estar morrendo na escola que nunca falaria nada. No primeiro ano, estava copiando a lição, quando comecei a sentir dificuldade para enxergar o quadro, me sentindo mal e enjoada. Mesmo assim, quase desmaiando, esforçava-me para copiar e não dizer nada a ninguém. De repente vomitei na sala de aula e não me lembro de mais nada, acho que desmaiei e fui levada para a diretoria, só me lembro de minha mãe indo me buscar.

3 - No primeiro não havia um menino deficiente, ou portador de necessidades especiais, ou seja lá como chamam hoje em dia. Ele tinha só a metade dos braços, três dedos em uma mão e dois na outra. Apesar dessa característica ele era muito levado, um capetinha, como diziam, ô menino! Quando aconteceu uma festa junina na escola, a professora começou a escolher os pares, mas a escolha dela era perguntar pra cada menina se queria dançar com tal menino, algo bastante desagradável. A professora perguntou a todas as meninas se elas gostariam de dançar com o tal capetinha, nenhuma quis, eu fui a ultima, aceitei, não parecia ter outra escolha naquele momento. O menino não parava, não ensaiava, no dia da festa junina sumiu por aí, nossa! Mas tudo bem, são coisas da vida.


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