A grossura está entranhada nas minhas palavras, pois eu ouso não ser alegre quando acordo e penso ser desnecessário dizer "bom dia" em casa. Essa doença, a da grossura, também me impede de dizer palavras profundas, como "eu te amo", "adorei", "querida" quando não sinto e não quero dizer exatamente aquilo; infelizmente, não sei elogiar por costume, nem acho nada que não ache. Eu também não sei transformar as informações em palavras mais floreadas, especialmente para conhecidos e fora da escrita. Sofro de grossura.
Outra coisa a que sou acometida, é da curiosidade. O problema é que alguns confundem com outras doenças terminais, a do negacionismo ou a da soberba. Porém, ao contrário dos negacionistas, eu tenho fé na ciência e me guio por seus princípios, baseados e direcionados pelos questionamentos. Se uma pesquisa diz que, de todas as drogas, o álcool é a pior, eu quero entender exatamente em que termos ele pode ser pior e quais foram as variáveis consideradas neste estudo, isso não é negar a ciência. Porém, só por que alguém relacionou a curva de diagnóstico de autismo com o aumento do uso de tilenol, não quer dizer que eu deva "aderir" a essa afirmação sem um conhecimento mais aprofundado. Sobre a soberba, me acusam muito. Disseram-me, inúmeras vezes, e muitas com galhofas, que eu queria desbancar Einstein. Eu não entendo a teoria da relatividade que dá margem às especulações sobre viagem no tempo. Quando digo que, para mim, não há lógica, não quero dizer que não seja possível, simplesmente, eu não consigo entender. Também me acusam de soberba quando digo, por exemplo, que há outras teorias e formas de analisar fenômenos no mundo humano, tanto que as ciências humanas se dividem em várias e já tentaram se unir diversas vezes (até com as exatas), com esse papo de inter e transdisciplinaridade, como se as coisas fossem despedaçadas e precisassem se complementar, mas, ao mesmo tempo, fossem separadas de outras disciplinas. A minha soberba vem de dizer que ninguém conhece tudo ou deveria afirmar categoricamente que já se sabe tudo sobre a humanidade, a "mente" e o comportamento humano.
O egoísmo. Sou muito egoísta, especialmente quanto teimo em dizer que sou um ser humano com desejos, deficiências e necessidades, até de privacidade! Quando tenho depressão, sou muito egoísta porque não fico tão capacitada para resolver o problema dos outros como de costume. Sou egoísta quando minha mente não consegue lidar com as pessoas, com suas expectativas, adivinhando-lhes as necessidades, ou, quando, sem saber, querer ou perceber, me esqueço. Sou egoísta quando, depois de quase morrer de dor, expresso a minha necessidade de me colocar como indivíduo. Sou egoísta quando dou várias respostas, mas nenhuma nunca é a que o outro deseja.
Agora, a doença que mais me faz sofrer é a frieza. Antagonicamente, ser fria me dói muito. Dói quando percebo que os outros queriam algo que eu não sabia dar, que eu disse algo que eles não queriam ouvir, que deixei de fazer o que eles precisavam que eu fizesse. Às vezes, demora até que eu perceba que possa ter causado dor no outro, mas eu nem sabia que estaria causando, porque eu não preciso de coisas superficiais que a maioria precisa, como ligações diárias de parentes, elogios de boca ou de costume, palavras de carinho de protocolos. Eu preciso apenas das coisas genuínas e estou aqui para os que me importam, sempre que precisarem de mim de verdade. Essa frieza me mata.
Com essas doenças, eu nem sei como alguém ainda quer se relacionar comigo. Sou quase uma psicopata. Todos os meus movimentos são friamente calculados, de casa para o trabalho, do trabalho para casa. De vez em quando, passo no mercado, em alguma loja para comprar um presente, ou numa padaria para tomar um café. Estudo, luto por direitos, me indigno e escrevo. Cozinho, limpo, organizo. Quando dá tempo, ainda me atrevo a tentar pintar um quadro. Gostaria de pintar e de escrever mais. Quem sabe, quando eu sarar?
Que seria bom se tudo fosse exato, perfeito?
ResponderExcluirSe toda história tivesse um único lado?
Iríamos ter prazer em sentar e conversar já que estaríamos todos no mesmo assim torneio no mesmo pensamento?
O mundo é diverso isso não é egoísmo, eu resolvi querer que todos pensam que age da mesma forma e por uma teoria escrita por alguém que teve importância na história da humanidade sobre teorias e esquecemos da prática da convivência humana