Inclusão digital, racismo e impunidade na internet

Inclusão digital significa que todos devem ter acesso à internet, o que é uma forma justa de promover a igualdade; mas o que acontece quando pessoas despreparadas, racistas, criminosas adquirem o direito de acessar a internet e publicar o que bem entenderem, sem que haja uma norma ou punição? Basta acessar qualquer link de notícias, desde os assuntos mais simples aos mais mais polêmicos, para se deparar com uma enxurrada de insultos, palavrões, xingamentos, demonstrações de racismo e total desrespeito, sejam direcionados a quem postou, a quem comentou ou ao que se relaciona a postagem. 

De acordo com o marco civil da internet sancionado pela nossa presidente Dilma Roussef: 

O Marco Civil estabelece como regra que um conteúdo só pode ser retirado do ar após uma ordem judicial, e que o provedor não pode ser responsabilizado por conteúdo ofensivo postado em seu serviço pelos usuários. Com isso, o projeto pretende evitar a censura na internet: para se provar que um conteúdo é ofensivo, o responsável deve ter o direito ao contraditório na Justiça.
O texto, porém, prevê exceções. Um conteúdo pode ser retirado do ar sem ordem judicial desde que infrinja alguma matéria penal (como pedofilia, racismo ou violência, por exemplo). Isso evita que um material que possa causar riscos a algum usuário fique no ar enquanto aguarda decisão da Justiça. O que se pretende com isso, segundo Varella, é que a internet ganhe mais segurança jurídica na retirada de conteúdo. A regra é que os conteúdos têm que continuar funcionando, a não ser que firam a lei.

Isso significa que não os provedores, mas os usuários serão responsáveis por suas postagens; porém, e apesar disso, as pessoas continuam a publicar suas asneiras sem fim, humilhando, agredindo e agindo criminalmente, sem que alguma coisa aconteça quanto a isso. Muitas vidas já foram destruídas por estes meios, são pessoas que tiveram sua intimidade exposta indiscriminadamente ou sofreram bullying de algum tipo, pessoas que foram até mesmo linchadas por causa de publicações duvidosas, são tantos os casos que acontecem todos os dias, mas nada muda no ambiente virtual. Parece que todos querem sempre se destacar dizendo alguma coisa, querem mostrar seu poder e superioridade destruindo alguém que nem se sabe onde está.
 
Nesta semana foi destaque uma demonstração de racismo em uma foto de um casal, um rapaz branco e uma moça negra:


Segundo informações, haverá investigação neste caso, mas e quanto a tantos outros casos que não repercutem na mídia, mas destroem vidas?

Outro assunto que está circulando pela mídia é o de uma torcedora flagrada chamando o goleiro Aranha de macaco, o que se tornou algo comum em campos de futebol. Depois da repercussão na internet, a moça foi afastada do emprego e ficou estigmatizada. Obviamente é inaceitável tal demonstração de racismo e difícil aceitar que o Brasil ainda esteja neste estágio, porém, apenas uma pessoa que teve a infelicidade de ser mostrada na mídia irá pagar por todos os outros. Não sei até que ponto isso é justo ou não, talvez contribua para que as pessoas tenham medo de ofender e serem fotografadas ou filmadas, mas não resolve o problema do racismo e da destruição causada pela exposição nas redes sociais. 

Porém, o problema está aí e faz parte de nossa geração. Uma vez que o estrago seja feito na vida das pessoas, é difícil de se desfazer o mal, principalmente por que é quase impossível apagar definitivamente algo publicado na internet. Vivemos na época da impunidade e da crueldade gratuita, onde qualquer um que tenha um teclado e esteja conectado pode atirar para matar e desligar a rede, como se nada tivesse acontecido.


Comentários