O pêndulo e a maçã


Como já disseram muitos, a sociedade vive sobre um pendulo que é movido pelas necessidades humanas e sociais  que vão, lentamente, modificando as relações, em tese. Na história, podemos comprovar como a moral humana vai sendo transformada e sendo conduzida por esse pendulo, até que esse chegue ao seu extremo e retroceda. Estávamos vindo de uma onda progressista, quando as minorias estavam tomando novas posições e recebendo mais direitos, até que essa onda se radicalizou, quebrou a hegemonia do discurso dominante,  e esses donos do discurso se rebelaram. Hoje, podemos ouvir claramente, não apenas no Brasil,  os berros dos descontentes reivindicando o direito de ter uma sociedade conservadora, como havia sido até então; e o pêndulo está avançando, de novo, para outra direção, lentamente.

Por esse pêndulo, e pela "dialetice" da história, como diz meu marido, podemos perceber que até hoje a sociedade não se acertou em relação às suas regras de existência, ou seja, ainda não sabemos qual é a melhor maneira de vivermos dentro dela. Desnecessário falar sobre as infinitas infinidades de peculiaridades individuais e coletivas de cada nicho cultural, ou sobre a suposta evolução humana, seja lá o que isso queira dizer, já que a sociedade só não é a mesma da época das cavernas por que existem a linguagem e a transferência dos costumes e do conhecimento através das gerações, ou seja, já nascemos no mundo como ele é, se somos mais "evoluídos" que os egípcios eram por causa da longitude temporal em que estamos, já é outra questão.

A minha filosofia é a seguinte: viva e deixe viver! Ou seja, cada um que cuide de si e de sua intimidade e deixe que o outro cuide da dele. Respeitemos o que é sagrado para o outro, lutemos para que haja paz e que todos possam ter as mesmas oportunidades, por que isso traz paz e bonança para a sociedade, e nos juntemos aos que nos agradam e queiram ter a mesma intimidade que nós. Toleremos as diferenças e aceitemos que o outro possa ter as certezas dele, mesmo que sejam diferentes das nossas (isso é o mais difícil, por que certezas, obviamente, são excludentes). Por toda complexidade e dificuldade de se agir dessa forma, creio que a humanidade ainda está a léguas da "evolução".  

E eu? estou aqui, nessa ambiguidade desse pêndulo, que hora está lá e hora cá. No fundo, só quero continuar vivendo "um amor tranquilo, com sabor de fruta nova", sem mentiras, sem sacanagens, um lar aconchegante e prazeres diários, sem que ninguém venha atormentar a minha paz escolhida.

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