Pensar demais


Acho que estou virando uma velha coroca e chata, e os meus textos estão cada vez mais chatos que eu, se é que isso seja possível. Não sou boa para escrever textos científicos ou cientificistas, prefiro tentar utilizar as palavras dando-lhes sensações e transmitindo sensações, sem que alguém precise se esforçar enquanto lê, e sem precisar colocar notinhas de rodapé e referências explicitas. Mas esse meu pensar e essas minhas sensações, e esse meu descobrir diário e ininterrupto, me levaram a pensar sobre a procura do ser humano pelo conhecimento. Parece que, na verdade, tudo o que tem a capa de científico é na verdade uma maneira de descrever ou reescrever algo que poderia, ou que, na verdade, consideram místico. Quando um pensador falou sobre a natureza humana, supôs que todos os seres humanos teriam algo incomum e dissociável de sua raça, uma essência natural. Existe algo mais poético que sugerir que algo possua uma essência, uma característica imutável que surge com cada ser? A essência de uma pedra é ser dura e imóvel, mas do que se trataria a essência de um ser humano? Seria sua alma? Ou seriam características naturais que fazem parte da raça humana, como a maldade? Seria o "homem o lobo do homem"?

Quando negamos a essência humana, e assumimos que o ser humano vai se construindo de acordo com suas escolhas e que essas escolhas dependem de sua vivência, tornando-o o único responsável por seu destino, ainda assim, estamos em busca de uma explicação sobre a humanidade e sobre o que nos torna especiais, ignorando a infinidade de outras espécies existentes apenas no planeta Terra e que não se tornam, nascem. Parece, simplisticamente, uma maneira de mistificar contraditoriamente e racionalmente a humanidade,  negando a sua naturalidade, sua animalidade. Só para polemizar, nesse caso, seria possível a cura gay?


A própria afirmação de que existiria uma ética universal parece algo místico, é como se Deus tivesse criado uma ética e a escolhido como tabua de comportamento adequado para todos os homens da Terra. Dizer que seria possível a existência de uma ética universal, é dizer que os homens possuem uma essência e que são naturalmente isso ou aquilo, o que contradiz muitas outras coisas e teorias.

O mesmo pensamento me ocorre quando penso em estruturas sociais. Muitas vezes parece que se referem a elas como algo que existe além e independentemente da vontade humana ou individual, como se fosse algo pré determinado e necessário, algo que paira sobre o universo. 

Teorias sobre verdade e liberdade, são inúmeras. Cada um abraça a que mais seja compatível com a sua linha de pensamento, mas atreladas a elas, parece que sempre está o direito universal do ser humano. Quem nos deu esse direito, Deus? O universo? A nossa magnitude e superioridade humana? 

Preciso ler mais filosofia, ou talvez, não! Acho que devo gastar o meu tempo com momentos que fazem bem à mente e à minha suposta alma. Talvez essa seja a forma de concluir tudo o que nunca se concluirá, e de tentar encontrar a chave do que chamam de essência humana.



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