Como agir sendo pais separados?




Considerando que o mundo mudou bastante, as relações se transformaram, e que ter pais separados é muito mais comum do que há 30 anos atrás (as estatísticas dizem que o número de divórcios cresceu 160% nos últimos 10 anos), acho que já está mais que na hora de se criar um código de conduta, ou algumas referências comportamentais para que os envolvidos possam ter menos constrangimento em diversas situações cotidianas. O maior problema é quando o ex casal tem filhos, muitas situações virão ao longo de suas vidas. Conversando com algumas pessoas, que também passam por uma situação semelhante (segundo casamento, com filhos de ambos), percebi que essa preocupação é mais comum do que parece. Imaginemos algumas situações:

Comemorações de aniversários

Quando os pais viviam juntos, o normal era se ter uma festa única para comemorar o aniversário das crianças, mas e depois de separados? Isso vai depender de muitos fatores, como por exemplo, de como é o relacionamento entre os pais, como é o relacionamento com os familiares desses pais e de como é o relacionamento de todos com os atuais cônjuges desses pais. Uma separação já é indício de que problemas aconteceram, graves ou não. Uma comemoração, reunindo todas as famílias e atuais cônjuges pode ser desagradável para a maioria, o clima pode pesar e não vai ser proveitoso nem mesmo para as crianças. Não parece a melhor opção obrigar que haja a confraternização entre pessoas que não desejam estar unidas, causando constrangimentos. O ideal seria que a criança crescesse ciente de que, sim, os pais são separados, possuem novos relacionamentos, e que certas situações são desagradáveis para todos e podem gerar atritos. O melhor seria cada família comemorar a seu modo, e a criança ganharia duas comemorações de verdade, com pessoas felizes e sem mal estar.

Festinhas de escolas, formaturas e similares

Há ocasiões em que não há como não unir os pais separados, e são muito constrangedoras para  para os conjunges destes que participam ativamente da criação das crianças, até mais que os próprios pais. Dessa vez, são as instituições que precisam mudar os rituais cerimoniais, se adequando a realidade da situação atual do mundo. Imagine um padrasto ou uma madrasta que criou uma pessoa desde pequena, ser ignorado no principal momento da vida desta. No lugar da foto estarão apenas aqueles que a geraram, os responsáveis por grande parte de seu sucesso, simplesmente, são deixados de lado. Ao invés de chamarem os pais, deveriam chamar por todos os responsáveis, e uma foto com quatro pessoas ou seja lá quem mais puder ocupar o lugar importante na trajetória deste individuo, seria uma lembrança mais justa e real para ser guardada.

Contato com ex e familiares 

Quando uma pessoa se separa, ela quebra os laços com o cônjuge, e também quebra laços mais íntimos com a família desta. Obviamente, não se pode simplesmente ignorar todas as pessoas e todo o passado com estas, mas estas não são mais familiares da pessoa que se separou, especialmente quando essa pessoa decide criar  e desenvolver esses laços com outro conjugue e com a família deste. Não faz mais sentido participar de celebrações, almoços de domingo, encontros familiares, sendo que o principal laço que obrigava a isso já não existe mais. As relações com esses familiares podem não acabar totalmente, devido a afetividade gerada ao longo do tempo, mas precisam sofrer uma transformação para que a pessoa que se separou possa reconstruir sua vida e criar novos laços com uma nova família. O contato com o ex cônjuge precisa existir por causa dos filhos, mas, dependendo do novo relacionamento e de como essa nova pessoa encara esse contato, seria aconselhável a restrição das conversas para que aconteçam apenas quando necessário. Os pais não precisam ser inimigos, e,  a não ser que realmente se tornem amigos, o contato não é agradável a nenhum dos envolvidos, principalmente para os que estão entrando nessa nova relação com um cônjuge separado.

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