Personagens de Ouro Preto - 2 - O homem e seu smartphone


Esse é mais um dos personagens peculiares, reais ou imaginários, que povoam a nossa mística e mofada Ouro Preto. Subindo por estas ladeiras destes morros, onde vive a maioria dos nativos (como se autodenominam os nascidos em Ouro Preto), existem diversos personagens que se destacam. Este homem, em particular, já com mais de seus 40 anos, sempre no mesmo horário, saía de casa carregando seu smartphone. Um homem comum, de cabelos já grisalhos e seus óculos que lhe conferiam um ar de "nerdice". Quem o percebia, não percebia que por trás daquele ato comum poderia haver algo além do comum (ou não). Porém, não conseguia achar sentido para que ele saísse de casa e ficasse perambulando por alí, ou sentado em uma meia calçada barulhenta e nada confortável. Um dia passei por ele e percebi que ele parecia conversar com uma mulher. No início, pensei que estivesse assistindo a algum filme, não entendi muito bem. Por que estaria conversando com alguém naquele local, ainda em viva voz? Porém, que se danasse, não era da minha conta. Várias vezes o vi por ali, carregando com afinco o seu celular. Lembrei-me de quando o celular servia de apoio à minha relação amorosa e de como ele era personificado, precioso na substituição do amado ou como canal para ele. 

Um dia, estava a pé pelas ruas e vi que ele estava sentado com o celular. Quando ele me viu, disse ao celular: "Espere aí". Só que a mulher não esperou. Infelizmente, tive que ouvir uma frase, algo como: "_ Hummm, que gostoso!" What the fuck? O cara estava tendo uma conversa sexual, em viva voz, no meio da rua? Em que mundo estamos? (isso é só uma reação hiperbólica de efeito, não me abismei tanto assim).

Bem, só pude tirar uma conclusão sobre este fato: O senhor deve ser casado e, para despistar, fica ali mesmo nas redondezas, porque não pode ficar papeando com uma mulher dentro de casa. Apenas não consegui entender  o motivo pelo qual ele não podia usar um fone de ouvido. 

Cuidado com os nerds e desconfie sempre de uma paixão por um smartphone.

Quem conta um conto aumenta, mas não inventa.

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